terça-feira, 6 de maio de 2014

Comissão da Verdade de São Paulo insiste: “JK foi assassinado”


Em artigo publicado hoje, na Folha, sob o título “JK foi assassinado”, o presidente da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog de São Paulo, o vereador paulistano Gilberto Natalini (PV) explica por que discorda da conclusão da Comissão Nacional da Verdade (CNV). “Ao contrário do que sustenta a Comissão Nacional da Verdade, o ex-presidente Juscelino Kubitschek não morreu em acidente de trânsito, mas foi assassinado pela ditadura militar”.

Segundo Natalini, “o levantamento federal despreza evidências, testemunhos e provas da investigação da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog (CMVVH) de São Paulo, (capital) de onde JK saiu para morrer em 22 de agosto de 1976, após cruzar a divisa São Paulo-Rio de Janeiro, na rodovia Presidente Dutra”. Dentre essas evidências, o vereador cita os testemunhos dos passageiros do ônibus (no qual o carro do presidente teria batido) “que, unanimamente, informaram não ter havido choque com o Opala de JK”.

Lembra, também, que JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro “morreram três minutos após deixarem o hotel-fazenda Villa-Forte, cujo proprietário era o brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte, um dos criadores do Serviço Nacional de Informações (SNI), ligado ao então ministro da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva, e ao chefe do SNI em 1976, general João Baptista Figueiredo”.

Evidências em profusão levantam série de dúvidas sobre acidente

Natalini menciona, ainda, o depoimento de outro motorista, Ademar Jahn, “que declarou ter visto o motorista de JK com a cabeça caída entre o volante e a porta do Opala antes do choque com o caminhão. Ou seja, Geraldo Ribeiro não completou a curva à direita, e o Opala seguiu descontrolado para a contramão da Dutra porque, provavelmente, o motorista já estava sem vida”.

O presidente da Comissão paulistana cita declaração do jornalista Carlos Heitor Cony que “relata ter apurado que, ao deixar o estacionamento do hotel-fazenda Villa-Forte, Ribeiro estranhou o Opala e indagou se alguém havia mexido no veículo”.

“Para provar que não ocorreu sabotagem, a Polícia Civil do RJ apresentou os destroços do carro para nova perícia em 1996. Descobriu-se depois que o Opala examinado tinha número do motor diferente do Opala que conduzia JK. A perícia foi feita em outro veículo”, complementa o vereador.

Há pouco mais de um mês, a Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog de São Paulo entregou à Comissão Nacional um documento em que relaciona mais de 100 evidências e prova uma série de fatos desencontrados que a levaram a concluir que o ex-presidente foi morto num acidente forjado pela ditadura militar. Pouco depois a CNV divulgou outro documento dizendo não acreditar nas evidências e concluindo que, para ela, JK morreu mesmo em acidente comum na Dutra.

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