terça-feira, 6 de novembro de 2012

A ditadura exilou até crianças. E forçou índios a colaborarem com ela


Por mais que o tempo passe e emerjam as mais tenebrosas práticas da longa noite vivida pelo Brasil em 25 anos de regime de exceção (1964-1985) sempre surgem fatos novos, barbaridades tenebrosas cometidas pela ditadura militar e que continuam a surpreender.

Um deles é o caso relacionado aos índios da etnia Suruí, que começa a ser investigado esta semana pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). A Comissão volta ao Pará pela segunda vez desde que iniciou seus trabalhos há alguns meses, para investigar a participação dos suruís na Guerrilha do Araguaia.

A Comissão já sabe que houve a participação. O que ela vai apurar é como isto se deu. As lideranças indígenas denunciam que membros dessa etnia que viviam na região foram obrigados a desempenhar funções de informantes e de guias para as Forças Armadas que combateram a resistência à ditadura no Bico do Papagaio, região entre as fronteiras do Pará e do hoje Estado Tocantins.

A ditadura exilou até crianças

Antes de voltar ao Pará esta semana, a Comissão discute a questão em uma reunião nesta 2ª feira em Brasília. Absurdo que o regime militar tenha forçado a colaborar com ele um povo tutelado, a quem o Estado brasileiro tem a obrigação de proteger?

Barbárie maior, ou tão triste quanto esta, é uma foto e duas notas publicadas pelo colunista Ancelmo Gois em O Globo deste domingo. A foto é de quatro irmãos, Ernesto (2 anos), Zuleide (4), Luiz Carlos (6) e Samuel (9), fichados como "subversivos" pelo extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e enviados para o exílio.

As crianças eram filhos, sobrinhos e netos de militantes presos pelo regime militar e a foto foi feita poucas horas antes delas embarcarem para o exílio na Argélia. A foto e uma reportagem a respeito serão publicadas pelo jornalista Plínio Fraga na revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, edição que sai no próximo dia 10.

"Atiradas ao exílio, passaram pela Argélia cresceram sem pátria em Cuba, até a Lei da Anistia, em 1979", informou Ancelmo Gois em uma das notas que publicou a respeito.

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