quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Policiais foram responsáveis por massacre no Paraguai


Acaba de vir à tona mais uma informação importante e reveladora sobre a trama encenada pela direita paraguaia e que resultou na deposição, em processo relâmpago, de Fernando Lugo, presidente legitimamente eleito pelo povo paraguaio, em 22 de junho último. 

Uma Missão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos divulgou na semana passada um relatório preliminar em que se conclui que foram os policiais e não os camponeses os responsáveis pelo massacre de Curuguaty, no nordeste do país, ocorrido em 15 de junho, uma semana antes do impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo.

A partir de entrevistas com testemunhas, familiares e vítimas, o grupo formado por organizações de camponeses e entidades de direitos humanos de vários países concluiu que os trabalhadores sem-terra foram cercados pela polícia em duas frentes e que muitos foram executados. 

Cerca de 18 pessoas foram mortas - 11 sem terras e 7 policiais – durante a tentativa da polícia de desalojar os camponeses de uma propriedade de 2 mil hectares, apropriada irregularmente por Blas Riquelme, empresário e político da ditadura. 

Considerada a mais grave tragédia desde o fim da ditadura no país, o massacre de Curuguaty foi utilizado a torto e a direito pela oposição e, sobretudo, pelo Partido Colorado, para culpabilizar Lugo. Foi o principal pretexto para a abertura do processo contra o presidente no Congresso.

Tragédia (ou armação?), como desculpa para o golpe

À época, as autoridades paraguaias atribuíram a responsabilidade das mortes aos camponeses e, por consequência, ao presidente Lugo. Agora, o relatório contesta a conclusão das autoridades governamentais e culpa os policiais. 

Na versão oficial, os camponeses teriam organizado uma emboscada aos policiais e iniciado os disparos contra eles. Mas, o relatório da Missão Internacional indica “que 54 pessoas foram acusadas arbitrariamente por sete delitos penais (homicídio doloso, tentativa de homicídio, grave lesão, associação criminal, coação grave, coação e invasão) já que se carece de indícios minimamente suficientes”.

A Justiça paraguaia, informa o documento, chegou ao ponto de prender lideranças que nem estavam presentes no dia do massacre (15 de junho). Além disso, “numerosos depoimentos coincidem que houve execuções, perseguições, ameaças de morte, torturas físicas e psicológicas e desatenção médica aos camponeses atingidos, imediatamente depois e nos dias seguintes do 15 de junho”, aponta o documento.

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