terça-feira, 26 de junho de 2012

Comissão da Verdade começa bem, trabalhando

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Comissão da Verdade

O ex-delegado do DOPS Cláudio Antônio Nogueira Guerra autor do depoimento do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, do Rogério Medeiros e Marcelo Neto, passou esta 2ª feira depondo à Comissão Nacional da Verdade. Ao chegar para a audiência Cláudio Guerra, que detalhou para o livro métodos usados pelo regime militar contra os "inimigos" políticos, não quis dar entrevista. Na obra, contou por exemplo que foi responsável por incinerar os corpos de 10 presos políticos na fornalha de uma usina de Campos (RJ).

No depoimento à Comissão da Verdade, Cláudio Guerra reafirmou pontos de seu relato para o livro. Nesse relato, ele falou sobre a Casa da Morte, em Petrópolis, usada pelos militares para aprisionar e torturar presos políticos, sobre a qual O Globo iniciou uma série de reportagens desde domingo. A primeira foi com o coronel do Exército Paulo Malhães, que confessa que torturava. Malhães, um tenente coronel reformado que como torturador era o "Dr. Pablo", contou ao Globo que tinha cinco jacarés e uma jiboia, usados em tortura em quartel do Exército da Tijuca no Rio. De acordo com Malhães, ele mesmo capturou os animais na Amazônia, quando foi reprimir a Guerrilha do Araguaia. A secretaria da Comissão da Verdade confirmou que os conselheiros começaram a estudar nesta 2ª feira ir ao Rio para tomar o depoimento de Malhães.

Herzog
A ministra Maria do Rosário programou encontro com Clarice Herzog e Ivo (presidente do Instituto Vladimir Herzog), viúva e filho do jornalista assassinado em outubro de 1975 no DOI-CODI do ex- 2º Exército, agora Comando Militar do Leste. Foi a ministra que convidou os familiares de Vladimir Herzog para o encontro, porque a família ficou tremendamente agastada com a resposta atravessada que o Estado e o governo brasileiros deram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (CIDH-OEA), que mandara a União investigar o assassinato.

Estado e governo brasileiros disseram-se impossibilitados de fazer a investigação porque a Lei de Anistia recíproca, de 1979, os impede. Pior, anexaram à resposta o atestado de óbito do jornalista em que o DOI-CODI/Exército escreveram que ele se suicidou, o que foi desmascarado há muito tempo e que não foi mudado até hoje no documento. Mais: quem fez a resposta disse à OEA que a família já recebeu honrarias e compensações materiais. Maria do Rosário convocou Clarice e Ivo para discutir o que fazer agora.

(Foto: Roberto Stuckert/PR)

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